quarta-feira, 20 de julho de 2011

FÁRMACOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DAS AFECÇÕES NEUROLÓGICAS DE CÃES E GATOS.


Antioxidantes e varredores de radicais livres

Alopurinol, mesilato de deferoxamina e DMSO podem ser usados no tratamento dos traumas craniano e medular agudos (DEWEY, 2003). A N-acetilcisteína (NAC) é um antioxidante potente que impede a destruição tecidual induzida por radicais livres, sendo utilizado na mielopatia degenerativa na dose de 25 mg/kg, q8h por duas semanas e posteriormente em dias alternados por mais duas semanas, tendo como objetivo a redução da progressão da doença (CHRISMAN et al., 2005).

O DMSO tem o potencial de reduzir a magnitude da necrose tecidual após lesão medular, protegendo a medula espinhal contra efeitos deletérios dos radicais livres induzidos pela peroxidação (EWAN, 1996). Estudos de microscopia eletrônica indicam que o DMSO, administrado uma hora após a lesão contusiva em cães, protegeu a bainha de mielina e axônios, reduzindo o edema e acelerando o retorno à função motora (BERGMAN; LANZ; SHELL, 2000). No entanto, em outro estudo realizado com gatos submetidos a trauma medular agudo, não se observou diferença significativa da eficácia do DMSO entre os grupos de animais tratados e não tratados (COATES et al., 1995). A dose recomendada no tratamento do edema ou traumatismo do SNC é de 0,5-1g/kg, IV, q24h, lentamente com solução a 10% (MCDONALD; LANGSTON, 1997).

O DMSO tem sido efetivo na redução da pressão intracraniana no trauma craniano, pois tem efeito neuroprotetor, reduzindo a oxigenação e requerimento de glicose pelo tecido cerebral, além da diminuição do edema devido a suas propriedades antiinflamatórias e diuréticas (BULLOCK, 1995).

Fármacos que atuam na função da micção

A disfunção no armazenamento da urina pela bexiga se dá pela hiperreflexia do músculo detrusor que ocorre devido a distúrbios cerebelares e doenças da medula espinhal crônicas. Os fármacos utilizados nestes casos são: brometo de propantelina 0,25-0,5 mg/kg, VO, q8h ou cloridrato de oxibutinina 2-5mg, VO, q8-12h (COATES, 2004).

A incapacidade de urinar se dá pela ausência ou incompleta contração da bexiga ou obstrução uretral (anatômica ou funcional). A ausência ou incompleta contração da bexiga está associada às lesões craniais à L7 (neurônio motor superior) sendo uma seqüela comum nos casos de mielopatia entre T3-L3, onde as vias motoras e sensitivas do reflexo detrusor estão afetadas. Também pode ocorrer nos casos de lesões medulares, sacrais, raízes nervosas e/ou plexo pélvico (COATES, 2004). A atonia da bexiga se dá quando esta se distende além de sua capacidade máxima. As obstruções urinárias podem ser devido a causas neurogênicas ou não neurogênicas. Na neurogênica é indicado o uso de fármacos que diminuem a resistência do esfíncter interno que é composto por fibras musculares lisas que mantém o tônus muscular através de impulsos simpáticos do nervo hipogástrico. Lesões na cauda eqüina podem ser associadas à incoordenação do esfíncter e conseqüentemente retenção urinária (FISCHER; LANE., 2003).

Os fármacos empregados são: a fenoxibenzamina 0,25-0,5 mg/kg, VO, q12-24h (COATES, 2004), cujos efeitos adversos são hipotensão e taquicardia e o prazosin 1 mg/15kg, VO, q12-24h em cães e 0,25-0,5 mg, VO, q12-24h em gatos, cujos efeitos adversos relatados são: hipotensão, taquicardia, sedação e ptialismo (FISCHER; LANE, 2003; COATES, 2004).
O diazepam é comumente adicionado ao tratamento com o propósito de relaxamento na musculatura esquelética na dose de 1-25mg, VO, q8h em gatos e 2-10mg, VO, q6h em cães, outros benzodiazepínicos como o alprazolan podem ser uma alternativa, quando o diazepam tiver que ser utilizado por longos períodos, porém seu efeito na musculatura uretral ainda não foi estudada (FISCHER; LANE, 2003). Outros relaxantes músculo-esqueléticos utilizados adicionalmente para promover o relaxamento uretral são dantrolene (0,5-2mg/kg, VO, q8h) e metocarbamol (inicialmente 66mg/kg, VO, q12g e posteriormente 33mg/kg, VO, q12h).

Nos casos de atonia ou hipotonia do detrusor o tratamento preconizado é o uso de betanecol 1,25-5mg, VO, q8h em gatos e 2,5-25mg, VO, q8h em cães ou 2,5-10mg, SC, q8h em cães sendo seus efeitos adversos vômito, diarréia, hipersalivação, hipotensão, dispnéia e bradicardia. A cisaprida (0,5mg/kg, VO, q8h,) e o propanolol (2,5mg, VO, q8-12h) também podem ser utilizados (FISCHER; LANE, 2003).

Na disautonomia a administração de fármacos parassimpatomiméticos como cloridrato de betanecol 5-25 mg, VO, q8h em cães e 2,5-5mg, VO, q8-12h em gatos pode aliviar alguns sintomas. Uma ou duas gotas de preparações oftálmicas de fisostigmina a 0,5% ou pilocarpina a 1% em ambos os olhos pode ter alguns efeitos sistêmicos (CHRISMAN et al., 2005).

Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 31, n. 3, p. 745-766, jul./set. 2010

Isabelle Valente Neves1; Eduardo Alberto Tudury2; Ronaldo Casimiro da Costa3

1 Médica Veterinária Autônoma. E-mail: isabellevalente@hotmail.com

2 Professor Adjunto, Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. E-mail: tudury@nelore.npde.ufrpe.br

3 Professor de Neurologia e Neurocirurgia da The Ohio State University. ,E-mail: ronaldo.dacosta@cvm.osu.edu


4 comentários:

  1. Isabelle valente ajude meu cachorro tq con cinomose..como faco para curar..lo

    ResponderExcluir
  2. Se tive mas medico veterinário. .experiente me ajude..pois ja fui..no médico. nao me derao esperanças. .me ajude ..t desesperada.

    ResponderExcluir