terça-feira, 26 de abril de 2011

SÍNDROME BRAQUICEFÁLICA - ESTENOSE DE NARINAS EM CÃES.

O termo Síndrome Braquicefálica se refere a uma combinação de estenose das narinas, alongamento de palato mole e eversão de sáculos laringeanos.
As raças mais afetadas são: Buldog Inglês, Boston Terriers, Pequinês, Pug, Shih Tzus, Boxer, Lhasa Apso, Mastif.
Foi verificada a prevalência de anomalias ou malformações anatômicas nos cães clinicamente afetados com a síndrome braquicefálica sendo que a estenose das narinas ocorre em aproximadamente 50% dos casos.

RELATO DE CASO:

Foi atendido, em uma clínica particular, um canino, macho, da raça Shih Tzu, de três meses de idade que apresentava dificuldade respiratória com ruídos noturnos, dispnéia, dificuldade inspiratória e cavidade oral sempre aberta. Ao exame clínico observou-se uma diminuição da abertura das narinas,  sem prolongamento do palato mole (diagnóstico confirmado no ato anestésico – intubação) e com uma dificuldade inspiratória e expiratória severa (animal sempre cansado).
O paciente foi submetido à anestesia e posicionado em decúbito esternal, a tricotomia foi feita seguida da antissepsia. Foi retirado um segmento em cunha da asa de cada narina, sendo feita a sutura com pontos isolados simples utilizando poligalactina 910 (vicryl 4-0).
Após o ato cirúrgico o animal permaneceu intubado até sua total recuperação. Após a extubação, foi possível observar a melhora, principalmente do quadro inspiratório da respiração do filhote. Houve pouco sangramento e o animal recebeu alta com a indicação do uso por no mínimo sete dias do colar elizabetano.
Transcorrido este período foi visto que houve a queda natural da sutura com total cicatrização local.
Após dois meses o animal retornou com total recuperação e abertura normal das narinas, não sendo mais relatado pelo proprietário dificuldades respiratórias ou a presença de ruídos noturnos.
Conforme a literatura, pacientes com obstrução de via aérea superior geralmente apresentam respiração difícil, ruidosa e respiração pela boca, sendo exatamente o observado no caso. Animais com orifícios nasais estenosados, durante a inspiração, apresentam deslocamento medial da asa da narina, colapsando e fechando o espaço aéreo. No animal em questão pode ser observado que a obstrução foi parcial sendo possível verificar a respiração nasal dificultada.
O tratamento da síndrome braquicefálica visa desobstrução das vias aéreas superiores através da correção cirúrgica das anormalidades anatômicas existentes. No caso descrito a técnica cirúrgica utilizada foi a de ressecção em cunha nasal onde é feita uma excisão em cunha estendendo-se a partir da asa da narina caudalmente para incluir parte da cartilagem alar, sendo essa a técnica de eleição. A base da cunha deve incluir um terço a metade da borda livre da narina.

Acta Scientiae Veterinariae. 38(1): 69-72, 2010.
















domingo, 24 de abril de 2011

AUROTRIQUIA

Os cães da raça schnauzer são predispostos a desenvolver hipersensibilidade alérgica, síndrome do comedão do schnauzer, hipotireoidismo, dermatite necrolítica superficial e aurotriquia (ROSENKRANTZ, 2010).
A aurotriquia é uma doença de etiologia desconhecida (KALAHER, 2004; SCOTT et al., 2001), que afeta principalmente a raça schnauzer miniatura, adultos jovens (2-3 anos), ambos os sexos, sendo a localização mais comum nas áreas do tronco, periocular e orelha (KALAHER, 2004). Tendo em vista a restrição à raça schnauzer miniatura, acredita-se que exista alguma influência genética (SCOTT et al., 2001).
Nenhum tratamento é indicado ou efetivo para a aurotriquia (SCOTT et al., 2001; ROSENKRANTZ, 2010), outros autores relataram melhora dos sinais clínicos em 6 a 24 meses (WHITE et al., 1992; KALAHER, 2004). Em um estudo realizado por WHITE et al. (1992), 55% dos animais retornaram à coloração normal em 2 anos. Tanto a coloração como a densidade da pelagem retornam ao normal e as recidivas são raras (SCOTT et al., 2001).
A aurotriquia é uma enfermidade de caráter meramente estético, em que se alcança a remissão dos sintomas em alguns meses, sendo considerado problema apenas quando acomete animais de exposição, pois podem ser considerados fora do padrão da raça.

Ciência Rural, v.41, n.2, fev, 2011.





sábado, 23 de abril de 2011

Homem escapa de ser preso para poder alimentar sua gata

20 de abril de 2011

Um juiz de Colchester (Inglaterra) tomou uma decisão inusitada: não condenou Steven Thorne, de 55 anos,
 à prisão para que ele possa alimentar a gata que ficara sozinha em casa. Steven era acusado de repetidos furtos de bebidas alcoólicas em lojas. O magistrado David Cooper já  estava pronto para aplicar a pena quando soube da existência da gata. “Ela está sozinha em casa desde que  ele foi preso. Ela vai subir pelas paredes de fome”, argumentou a advogada de Steven, Julie Brice. O juiz retrucou: “Ter uma gata é uma boa razão para não mandá-lo para a prisão? Nunca ouvi nada assim”.  Mas acabou concordando, depois que Steven pagou fiança equivalente a 195 reais.
Antes de sair, Steven  ouviu do juiz: “Na próxima vez que furtar, pense na sua gata”.
A chegada de 2011, Ano Internacional da Medicina Veterinária, fornece uma oportunidade única de impulsionar a valorização dos profissionais veterinários, e do bem-estar animal em todo o mundo.

A primeira escola de veterinária da história foi fundada em Lyon,

 na França, em 1761, logo seguida, em 1764, pela criação da escola

 veterinária Alfort, nos arredores de Paris, tendo ambas as

 instituições surgido a partir da iniciativa do veterinário francês

 Claude Bourgelat. Em outras palavras, 2011 marcará o 250º

 aniversário do ensino da Veterinária, razão pela qual foi escolhido

 para ser o Ano Internacional da Medicina Veterinária.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

SÍNDROME DA CAUDA FLÁCIDA EM LABRADOR RETRIEVER.

A condição referida como síndrome da cauda flácida é bem conhecida por pessoas que trabalham com cães de caça, principalmente do grupo Pointer e Labrador Retriever.

O caso típico consiste de um cão adulto saudável que subitamente desenvolve flacidez de cauda e dor à palpação da área situada a 8-10cm à inserção da mesma.

Os cães afetados da raça Pointer geralmente apresentam histórico de transporte prolongado em gaiolas, trabalho extenuante no dia anterior ou exposição ao frio ou umidade.

A condição desaparece em poucos dias (3 a 10 dias), com ou sem a administração de antiinflamatórios e menos da metade dos animais acometidos apresentam reincidência do problema.

Não se sabe ao certo a etiologia desta afecção, supondo-se que decorra de tendinite ou miosite de músculos da região sacro-coccígea.

CASO:  Um cão macho da raça labrador retriever, não castrado, de quatro anos de idade apresentou flacidez súbita da cauda, com dor à manipulação da mesma, dor ao sentar e apatia.  Foi realizada avaliação radiográfica em busca de evidências de síndrome da cauda equina, fratura ou luxação lombo-sacra ou sacra-coccígea, porém não houve alterações que denotassem quaisquer das alterações anteriores. Da mesma forma, o exame neurológico mostrou-se normal.

O animal foi submetido a hemograma, urinálise, espermograma e ultrasonografia abdominal em busca de alterações prostáticas, mas nenhuma alteração consistente foi encontrada.

No dia seguinte, durante nova anamnese, o proprietário recordou-se que o cão havia sido banhado com água fria no dia anterior e que já havia apresentado quadro bem semelhante , porém menos intenso, dois anos antes, também após o banho frio.

O animal foi medicado com antiinflamatório não esteroidal e o proprietário foi instruído a observá-lo. Foi obtida melhora completa do quadro após a primeira e única dose da medicação.

Os mesmos autores sugerem que diagnósticos incorretos como fraturas, enfermidade da medula espinhal ou de glândulas adanais e até mesmo doenças prostáticas são frequentes.

Faz-se relevante a divulgação deste caso para que a síndrome da cauda flácida se torne mais conhecida no Brasil e possa ser incluída como diagnóstico diferencial, em quadros de dor na base da cauda e flacidez da mesma, especialmente em cães com aptidão para a caça.

Ciência Rural, v36, n.1, jan-fev 2006.
Bem pessoal, esse foi o primeiro artigo. Em regra, haverá um novo a cada semana, então se liguem todas as quartas feiras.

Acho que agora que a caudectomia (corte dos rabinhos dos filhotes) não é mais recomendada, pode ser que apareçam novas raças predispostas ao problema...vai saber...