segunda-feira, 8 de outubro de 2012

AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA DE CÃES COM GASTROENTERITE HEMORRÁGICA.



FABRETTI*,  K.J. 1;   FERREIRA, W.L. 2


1 Graduando Curso de Medicina Veterinária  -FOA, Universidade Estadual Paulista(UNESP), Araçatuba, SP, Brasil, Endereço de correspondência: Av. PM Carlos Aparecido Buzon, 161- G, CEP: 16050- 710, Araçatuba, SP, Brasil. E - mail: keline_fabretti@ig.com.br

2 Departamento de Clínica, Cirurgia e Reprodução Animal,  Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, SP, 
Brasil. 

A gastroenterite hemorrágica (GEH) é uma afecção comum em filhotes de cães, motivo freqüente de internação e mortalidade (CAMARGO et al., 2006) e segundo KOGIKA et al. (2003) afirmam, tal enfermidade é caracterizada por uma inflamação de qualquer segmento do trato gastrointestinal. Entre as várias  causas da gastroenterite estão genética, infecção, hipersensibilidade, efeitos de drogas e câncer.


Esta importante enfermidade tem como agentes etiológicos o  Clostridium perfringens,  adquirido pela ingestão de alimentos contaminados por células vegetativas. No intestino, esporula devido ao ambiente desfavorável, liberando então a toxina. Suas principais sintomatologias clínicas são náusea, emese, fortes dores abdominais, hipertermia, gastroenterite hemorrágica e enterite necrótica; e o Coronavírus canino, sua infecção pode passar despercebida causando uma leve enterite geralmente auto limitante ou morte súbita em filhotes. Acomete os dois terços superiores do intestino delgado e linfonodos associados; diferentemente da infecção com  Parvovírus canino que acomete as células das criptas intestinais. Tem por sintomas clínicos principais, gastroenterite hemorrágica, apatia, prostração, desidratação e raramente hipertermia.


A maior parte dos cães afetados tem idade inferior a um ano. A distribuição das ocorrências é uniforme ao longo do ano, o  que indica a não influência da umidade relativa e da temperatura do ar (ALVES et al., 1998).


Cães com este tipo de gastroenterite tendem a estar profundamente doentes, e quando não tratados em tempo útil poderão vir a sucumbir. Dessa forma, torna-se importante a identificação de pacientes com risco de endotoxemia e choque séptico. Nesse sentido, o leucograma pode ser de fundamental importância na avaliação de animais com gastroenterite.

O presente trabalho teve por objetivo contribuir para o estudo das alterações hematológicas em cães com GEH, avaliando tais achados como fatores prognósticos para essa enfermidade.


Foram avaliados 43 cães com quadro clínico de gastroenterite hemorrágica atendidos no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais do Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira”, UNESP –câmpus Araçatuba, durante o período de 18 de Março a oito de Novembro de 2007. Todos os animais incluídos no estudo apresentavam um quadro clínico de pelos menos três das principais características da patologia, dentre as quais incluem anorexia há dois dias ou mais, diarréia sanguinolenta e apaticidade.

A principal alteração hematológica observada foi a ocorrência de leucopenia em 37,2% dos animais. Tal ocorrência pode sugerir a participação do parvovírus como causa da enterite hemorrágica, pois segundo SELLON (2005), a neutropenia é um importante achado laboratorial em casos de parvovirose. Em casos de infecções virais recentes a linfopenia também pode ser um achado esperado e contribuir para a ocorrência da leucopenia. Devido à intensidade da leucopenia, em muitas das avaliações hematológicas não foi possível realizar a contagem diferencial dos leucócitos.


Uma  maior freqüência de GEH em indivíduos entre três e quatro meses (41,9%) pode estar associada à fase de queda de anticorpo materno contra o parvovírus. Um reforço vacinal em torno de 16 semanas de idade tem sido proposto na prevenção da parvovirose canina (SELLON, 2005).


Embora Nelson & Couto (2006) descrevam a raça Rottweiller como mais susceptível à parvovirose, no presente estudo somente um animal dessa raça foi incluído. A maior ocorrência em cães sem raça definida pode ser devida à classe econômica mais baixa atendida no hospital  do  campus universitário.


Os dados obtidos sugerem que quanto mais severa a leucopenia pior o prognóstico em cães com GEH, visto que 66,7% dos casos de óbito coincidem com a presença de leucopenia, corroborando os dados de HAGIWARA e colaboradores (1984). Entretanto, vale considerar que a inexistência da leucopenia não implica em prognóstico mais favorável. Avaliações hematológicas seqüenciais são sempre necessárias para uma maior caracterização do processo.


Conclusão: 

A gastroenterite hemorrágica  é uma importante causa de morbidade e mortalidade em cães jovens, sendo a avaliação hematológica de fundamental importância na avaliação desses pacientes. A ocorrência de leucopenia mostrou-se de grande valia no estabelecimento do prognóstico e como fator indicativo para
intensificação da terapia ao animal enfermo.












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