quarta-feira, 17 de outubro de 2012

TRATAMENTO CONSERVATIVO PARA GENU-RECURVATUM EM CÃO: RELATO DE CASO


Marcella Luiz de Figueiredo 1 , Camila Elana Santana e Silva 2 , Amanda Camilo Silva 3 , Cláudio Roberto Soares Espíndola 2 , Emília Miranda Peluso 2 , Eduardo Alberto Tudury 4

1. Mestranda do programa de pós-graduação em Ciência Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco(UFRPE). Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail:marcellalf@hotmail.com

2. Aluno de Graduação de Medicina Veterinária, UFRPE.
3. Mestranda do programa de pós-graduação em Ciência Veterinária da UFRPE.
4. Professor Associado I do Departamento de Medicina Veterinária da UFRPE.


Genu recurvatum ou síndrome de hiperextensão é uma afecção considerada de ocorrência rara em pequenos animais [1], que resulta da contratura do músculo quadríceps [2]. É caracterizada pela hiperextensão das articulações tíbio-femuro-patelar e tíbio-társica e pela dificuldade em flexionar os membros acometidos, tornando o membro rígido e afuncional [3].

Esta anormalidade é observada em filhotes, acometendo várias raças. Apresenta- se na maioria das vezes unilateral, mas pode  ser bilateral, e ocasionalmente pode ocorrer luxação coxofemoral [3].

Inicialmente, ocorre rigidez articular em virtude de aderências que se formam entre o músculo quadríceps e a parte distal do fêmur. Com o tempo, o membro afetado é mantido em extensão significativa a tal grau que o joelho pode dobrar-se caudalmente, formando o genu-recurvatum, com o tarso extendido. A parte cranial da coxa fica atrofiada, tensa e com textura cordiforme, e essencialmente ligada ao fêmur. Com a cronificação deste distúrbio, as alterações patológicas se tornam mais complexas, ocorrendo alterações degenerativas e fibrose periarticular e intra-articular [4].

O tratamento deve ser instituído precocemente, pode-se utilizar bandagens, como tratamento conservativo [5], ou realizar tratamento cirúrgico como fixador percutâneo na face lateral do fêmur e tíbia conectando as extremidades com borracha, induzindo à flexão do joelho [6]; pino intramedular no fêmur projetado dorsalmente além da pele, conectado com borracha a outro pino atravessado perpendicularmente na tíbia distal de maneira que o joelho seja flexionado [3].

Na espécie humana, é descrito o uso de bandagens seguido de fisioterapia, sendo suficientes para a correção de casos menos severos. As bandagens são opções terapêuticas bem toleradas pelos proprietários, de menor custo e maior segurança para o paciente, uma vez que ele não é submetido ao risco do procedimento cirúrgico [5].

Com este trabalho objetivou-se relatar um caso de genu-recurvatumque foi tratado conservativamente por meio de bandagens e fisioterapia.

Foi atendido no Hospital Veterinário (HV) da Universidade Federal Rural de Pernambuco, um filhote da espécie canina, sem raça definida com 27 dias de vida. O animal apresentava impotência funcional de ambos os membros pélvicos, e hiperextensão das articulações tíbio-femuro-patelar e tíbio-társica, tendo o diagnóstico de Genu-recurvatum.

Primeiramente, com os membros em posição anatômica, foi aplicada bandagem com esparadrapo, envolvendo a parte distal da tíbia subindo pela lateral do membro indo de encontro com o outro membro; em seguida foi colocada uma peia tarsiana para evitar a abdução dos membros, procurando assim estimular a sustentação de peso do animal. Foi recomendado que o animal retornasse a cada quatro dias para troca de bandagens, devido a fase de crescimento de filhote. Após a retirada da bandagem foi instituída fisioterapia passiva.

Com quatro dias, na primeira troca de bandagem, o animal já se mantinha em pé, e conseguia dar alguns passos. Na segunda troca, o animal já deambulava normalmente, não sendo necessária mais uma nova bandagem, ficando apenas com nove dias de imobilização.

Ao exame físico o animal encontrava-se com hiperextensão do joelho e do jarrete o que condiz com Rudy [3]. Como o animal apresentava um quadro de genu-recurvatummenos severo, conseguia realizar movimentos de flexão das articulações, instituímos o tratamento conservador  com  bandagens,  utilizando apenas esparadrapo, ao contrário de Penha et al, [5], que utilizou a bandagem de Robert Jones modificada.

O animal obteve recuperação funcional dos membros com nove dias de bandagem, tendo um resultado considerado  como  favorável,  em  conseqüência possivelmente  do  tratamento  ter  sido  instituído precocemente (27 dias de vida), o que nos leva a concordar com Egger e Freeman [1].

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