segunda-feira, 18 de junho de 2012

CARCINOMA MAMÁRIO EM UM CÃO MACHO


Alana Nogueira Godinho¹, Érica Souza Albuquerque¹, Ana Carla de Castro Freitas Soares¹,
Daniel de Araujo Viana², Annice Aquino Cortez³.


¹ Graduandos de Medicina Veterinária da Faculdade de Veterinária - FAVET/UECE
² M.V. Doutorando em Biotecnologia - RENORBIO
³ Msc. MV. Professor Substituto da Faculdade de Veterinária – FAVET/UECE
Universidade Estadual do Ceará/UECE – Av. Dedé Brasil, 1700 – Itaperi, CEP.:60740-000. Fortaleza – CE, Brasil. Contato: anniceaquinocortez@yahoo.com.br





Os tumores de mama representam 52% de todas as neoplasias em fêmeas da espécie canina, já tendo sido relatada uma percentagem de 50% (MACEWEN & WITHROW, 1996) a 75% de malignidade destas neoplasias (HEDLUND, 2008). Os tumores mamários raramente acometem machos; embora a incidência estimada esteja em torno de 0 a 2,7%, a possibilidade de serem malignos é alta (FOSSUM, 1997).



A maior parte dos tumores mamários malignos são carcinomas, sarcomas (< 5%) e carcinossarcomas (mistos malignos) (HEDLUND, 2008). Para um diagnóstico definitivo, o exame histopatológico sempre deverá ser realizado, pois a punção aspirativa poderá não ser conclusiva (DALECK et al., 1998).


Cães machos podem apresentar neoplasias de mama se ocorrer um hiperestrogenismo decorrente do sertolioma (MEUTEN, 2002). Contudo, em cães machos a literatura sobre quais tumores ocorrem com maior freqüência é escassa provavelmente devido à baixa incidência de casos. (ACHO VÁLIDO POSTAR SOBRE SERTOLIOMA NA PRÓXIMA SEMANA, JUSTAMENTE PARA FAZER A LIGAÇÃO COM A POSTAGEM ATUAL). 


Devido à raridade desta patologia em cães machos, objetivamos relatar um caso de um cão de 11 anos de idade, sem raça definida, que foi atendido no dia 12 de agosto de 2011 na Unidade Hospitalar Veterinária (UHV) da Faculdade de Veterinária (FAVET) pertencente à Universidade Estadual do Ceará (UECE).


O animal apresentava um nódulo localizado na região direita da base peniana, próximo ao prepúcio, abrangendo a segunda mama abdominal direita. O tumor media aproximadamente 7,0 cm, caracterizando-se por apresentar formato irregular, consistência firme ao toque, recoberto por pele íntegra, aderido somente à região subcutânea e de superfície externa com aspecto multilobulado. Foi realizado um exame clínico geral do animal, além de hemograma completo, dosagem de creatinina e da enzima hepática alanina aminotransferase (ALT) a fim de encaminhá-lo à cirurgia.


O animal apresentava-se hígido, com os parâmetros clínicos de temperatura, freqüência cardíaca, respiratória e exames complementares dentro da normalidade.


No dia 18 de agosto de 2011, o animal retornou para realização de exérese tumoral, sendo efetuada uma incisão elíptica ao redor do tumor, abrangendo as mamas abdominal caudal e inguinal direitas, com uma distância mínima de um centímetro deste, para delimitar uma margem de segurança e possibilitar a completa exérese da neoplasia. O material coletado foi conservado em formol a 10% para posterior realização de exame histopatológico.


Ao corte, a superfície era compacta e acinzentada e acompanhava um linfonodo de arquitetura aparentemente preservada. À microscopia pôde-se diagnosticar um carcinoma em tumor misto da mama (carcinoma complexo), além de áreas com metaplasia condróide imatura sem atipias, mastite crônica ativa porém discreta, além de focos de necrose e hemorragia. Quanto ao linfonodo observou-se um estado reacional hiperplásico.


Soremno (2003) considera a divisão dos carcinomas em simples e complexos, dependendo de seus elementos estruturais. O carcinoma complexo é composto de células epiteliais e mioepiteliais, sendo que as mioepiteliais estariam envolvidas na proteção da glândula mamária, suprimindo a proliferação e a invasão tumoral. Em contraponto, as células epiteliais estariam diretamente relacionadas com progressão e disseminação da doença. Acredita-se que cadelas portadoras de tumores complexos apresentam melhor prognóstico do que cadelas portadoras de tumores de proliferação exclusivamente epitelial. IMPORTANTE!!!!!!!


Exames laboratoriais como hemograma completo, perfil bioquímico e urinálise, embora não sejam específicos para neoplasia mamária, podem trazer informações importantes para identificar problemas geriátricos e síndromes paraneoplásicas concomitantes (FOSSUM, 1997). Contudo, os exames do paciente em questão estavam dentro da normalidade.

Concluímos que, embora raro, carcinoma mamário em cão macho é uma patologia importante de ser diagnosticada na medicina veterinária para diferenciar de outras que acometem o sistema reprodutivo, a fim de instituir um prognóstico e uma terapêutica pós cirúrgica correta.













terça-feira, 5 de junho de 2012

ATIVIDADE DE LACTATO DESIDROGENASE COMO FATOR PROGNÓSTICO DE NEOPLASIAS EM CÃES


Eveline Simões Azenha 1, Márcia Ferreira da Rosa Sobreira 2, Roberta Vanessa Pinho Casale 3 Davi Rafael Dias 4, Manuela Cristina Vieira 5


1.Aluna do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, da Universidade Camilo Castelo Branco, Campus de Descalvado, SP.( e- mail: eveline.azenha@gmail.com; endereço para correspondência: Rua H, 50 – Recreio Internacional, Ribeirão Preto SP, CEP 14094-588)

2. Professora Doutora do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Camilo Castelo Branco, Campus de Descalvado, SP.

3. Professora do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Camilo Castelo Branco, Campus de Descalvado, SP.

4. Aluno do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, da Universidade Camilo Castelo Branco, Campus de Descalvado, SP.

5. Doutoranda em Cirurgia Veterinária – FCAV/UNESP, Jaboticabal (SP)


Segundo GLANNOULAKI et al. (1989) um fator bem caracterizado de crescimento tumoral está associado a alterações em atividades de enzimas e isoenzimas nos tecidos do hospedeiro. A Lactato Desidrogenase (LDH) é um dos sistemas enzimáticos preferencialmente produzidos por células neoplásicas.

Vários estudos clínicos têm sido realizados tentando estabelecer o papel do nível sérico de LDH como marcador inespecífico de atividade tumoral e seu papel como fator prognóstico independente de outros parâmetros clínicos. Desta maneira, o nível sérico de LDH ao diagnóstico, por ser um método laboratorial simples, embora não específico, parece ser um bom marcador de atividade tumoral.


Na presente proposta de trabalho pretendeu-se avaliar o comportamento da enzima LDH em cães portadores de neoplasias malignas e benignas, observar se ocorre variação da sua atividade e assim, instituir a dosagem LDH como um marcador prognóstico bioquímico na clínica oncológica de cães.


Foram analisados todos os cães portadores de diferentes tipos de neoplasias nas mais diversas localizações, graus de estadiamento e tempos de existência, trazidos ao Hospital Escola Veterinário da Universidade Camilo Castelo Branco, Campus Descalvado, SP, durante o período de julho de 2010 a maio de 2011.


Os cães foram selecionados após avaliação clínica e confirmação através de exame citopatológico e ou histopatológico. Eles foram divididos em três grupos assim distribuídos; Grupo 1: cães com diagnóstico de neoplasia benigna; Grupo 2: diagnóstico de neoplasia maligna; Grupo 3: cães sadios (grupo controle – n=20).


Para a realização da determinação sérica de lactato desidrogenase colheu-se sangue total. Após, as amostras foram centrifugadas, e as dosagens foram feitas com o auxílio de kits comerciais, por método cinético de conversão piruvato-lactato e leitura em analisador bioquímico.


A tabela a seguir mostra as médias e respectivos desvios-padrão dos níveis de LDH sérico (U/L) em pacientes da espécie canina portadores de diferentes tipos de neoplasias (benigna- G1 ou maligna- G2 e animais sadios - G3), obtidos durante o período de julho de 2010 a maio de 2011.


A Distribuição dos valores de lactato desidrogenase sérica (U/L) de cães com neoplasias benignas - G1 (n=20), malignas - G2 (n=20) ou sadios (n=20), pode ser observado no gráfico a seguir.




Nossos resultados demonstram elevação na concentração sérica de LDH em pacientes portadores de neoplasias malignas e benignas, quando comparados aos níveis dessa enzima em cães sadios, porém, não houve diferença significativa entre os grupos G1 (neoplasias benignas) e G2 (neoplasias malignas). Por ser um método laboratorial simples, mesmo que não específico, parece ser um bom marcador de atividade proliferativa tumoral, já que foram diferentes entres os grupos de cães com neoplasias (G1 e G2) e o grupo controle de cães sadios (G3).