sexta-feira, 13 de julho de 2012

FREQUÊNCIA DE LEVEDURAS COM POTENCIAL PATOGÊNICO EM AMBIENTES VETERINÁRIOS


STORINO, Laura Garcia1; MATTEI, Antonella Souza2; MADRID, Isabel Martins3; CABANA, Ângela Leitzke4 ; MEIRELES, Mário Carlos Araújo5 


1Graduanda em Medicina Veterinária – UFPel, Bolsista AT/CNPq storinoangie@hotmail.com
2Programa de Pós-Graduação em Ciências Pneumológicas – UFRGS
3Departamento de Veterinária Preventiva - Faculdade de Veterinária - UFPel
4Programa de Pós-Graduação em Veterinária - UFPel
5Profº Associado – Departamento Veterinária Preventiva – Faculdade de Veterinária – UFPel


Os ambientes veterinários, dentre eles hospitais, clínicas particulares, pet shops com banho e tosa, feiras e canis, representam importantes fontes de contaminação de diversos microrganismos responsáveis por doenças infecciosas superficiais ou até mesmo sistêmicas. Essa condição está diretamente relacionada com fatores como a grande população e/ou circulação de animais nesses locais, estado sanitário dos hospedeiros e a presença dos agentes no ambiente (PANAGOPOULOU et al., 2002).



Entre os agentes infecciosos causadores de patologias oportunistas estão os fungos leveduriformes pertencentes aos gêneros Candida, Cryptococcus, Malassezia e Rhodotorula. Por serem ubíquos, esses microrganismos apresentam maior probabilidade de causar infecções hospitalares, pois podem permanecer no ambiente e em superfícies por longos períodos na presença de substrato (PFALLER, 2007; VONBERG, 2006; MORRIS et al., 2000).


Devido a isso, os procedimentos de profilaxia tais como limpeza, desinfecção, esterilização e
biossegurança dos ambientes e equipamentos assumem fundamental relevância para o controle das infecções (ANDERSEN et al., 2009).


Pesquisas a respeito da presença e identificação dos agentes infecciosos nos ambientes hospitalares e clinicas na área da medicina veterinária são raros. Devido à importância desse tema, o presente estudo teve como objetivo isolar e identificar leveduras em ambientes veterinários. Com isto contribuir com informações relevantes a respeito do assunto.


As amostras foram coletadas de superfícies do Hospital de Clínicas Veterinária da UFPel (HCV-UFPel) e processadas no Laboratório de Doenças Infecciosas, Setor de Micologia da Faculdade de Veterinária, UFPel.


As amostras de superfícies foram coletadas através de placas de contato contendo ágar Sabouraud acrescido de cloranfenicol (Sb+Cl) e, para as amostras obtidas de torneiras, foram utilizadas fitas adesivas estéreis (5x7cm). Estas fitas foram posteriormente pressionadas sobre o ágar Sb+Cl. As amostras foram coletadas da sala do consultório (SCO), da sala de internação (SIN), da sala cirúrgica (SCI) e da unidade de tratamento intensivo (UTI), sendo que na SCO foram obtidas amostras da mesa de atendimento, da parede, do armário e da torneira, na SCI foram coletadas da mesa operatória, da mesa de instrumental, da calha e da parede. Na UTI e na SIN foram coletadas as baias, o armário, a torneira e a parede. As amostras foram obtidas antes e após a desinfecção de rotina com cloreto de benzalcônio a 0,5%, sendo que não havia diluição padronizada do desinfetante. (NÃO ENTENDI PORQUE ESCOLHERAM O CLORETO DE BENZALCÔNIO COMO DESINFETANTE. ACREDITO QUE A MAIORIA DOS LOCAIS UTILIZA ÁGUA SANITÁRIA NA LIMPEZA DOS AMBIENTES. PODERIAM FAZER O MESMO TESTE COM O HIPOCLORITO DE SÓDIO EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES).  As placas foram incubadas a 32ºC durante cinco dias, com observação diária. Após esse período, as colônias leveduriformes foram classificadas quanto ao gênero e espécie pelo sistema comercial de identificação de leveduras (API ID32).

Foram obtidas 520 amostras em quatro coletas, das quais 260 foram obtidas antes da desinfecção (AD) e 260 pós-desinfecção (PD). Das 260 amostras coletadas AD, 216 foram positivas para a presença de fungos, das quais 24 apresentavam isolados leveduriformes. Do total de amostras, 13 pertenciam ao gênero Rhodotorula, o qual foi isolado na UTI, SCO e SIN; seis Candida spp. que estavam presentes na SCO, SIN e SCI; dois Malassezia spp. e três Cryptococcus spp. ambos isolados somente na SIN. Dos ambientes estudados, a maior freqüência de isolamento leveduriforme ocorreu na sala de internação.


Em relação ao gênero Candida, a espécie mais prevalente foi C. guilliermondii enquanto que para os gêneros Cryptococcus e Malassezia foram identificadas apenas uma espécie, sendo C. uniguttulatus e M. pachydermatis. As leveduras pertencentes ao gênero Rhodotorula foram classificadas como Rhodotorula spp. em sua maioria, sendo R. mucilaginosa a única espécie identificada.


Após a desinfecção houve crescimento de fungos em 195 amostras das 260 coletadas, sendo 51 identificadas como colônias leveduriformes. A identificação das leveduras resultou em 34 isolados do gênero Candida, sendo a C. guilliermondii novamente a mais frequente entre as espécies de Candida, encontrada em todos os ambientes; 10 Rhodotorula spp e uma R. mucilaginosa isoladas na UTI, SIN e SCO; dois isolados do gênero Cryptococcus, sendo C. laurentii e C. uniguttulatus encontrados na UTI e SIN, dois isolados de Malassezia pachydermatis, e dois de Trichosporon, sendo T. mucoides e T.ashaii, ambos obtidos apenas na SIN. (Após a desinfecção, apenas 21 amostras positivas a menos. 216 antes da desinfecção e 195 após). 


Os resultados obtidos corroboram os dados de um estudo realizado sobre a desinfecção de leitos de um hospital, onde foi utilizada a mesma técnica de placas de contato. Neste estudo, foi constatada a presença de fungos em 219 amostras antes e 180 amostras após a desinfecção (ANDRADE, 2000).



Os gêneros Candida, Rhodotorula, Malassezia e Cryptococcus foram isolados tanto antes quanto após a desinfecção das salas do hospital veterinário enquanto que Trichosporon spp foi isolado apenas após a desinfecção. No presente estudo foram isoladas espécies do gênero Candida (C. glabrata, C. catenulata, C. guilliermondii, C. famata, C. parapsilosis e C. lipolytica) que ainda não haviam sido isoladas de ambiente hospitalar veterinário, sendo este o primeiro relato. As espécies C. glabrata, C. parapsilosis e C. guilliermondii já foram associadas a infecções sistêmicas e cutâneas em cães (DALE, 1972; WAURZYNIAK et al., 1992; MUELLER et al., 2002). As demais espécies isoladas neste estudo não estão relacionadas a doenças em animais, no entanto, são consideradas potencialmente patogênicas ou oportunistas e com crescentes casos descritos na literatura médica (SHIN et al., 2000; MEDRANO et al., 2006; PASQUALOTTO et al., 2006).

Achei este artigo científico sobre Rhodotorula mucilaginosa: Meningite e endocardite infecciosa causada por Rhodotorula mucilaginosa em paciente imunocompetente - http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-507X2011000400017&script=sci_arttext











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