Carrapatos adultos podem sobreviver por mais de 568 dias e quando infectados com E. canis podem continuar a transmitir o patógeno por pelo menos 155 dias após ter abandonado o cão (NEER; HARRUS, 2006).
Durante a fase da infecção, a imunossupressão induzida pela saliva do carrapato (WINSLOW, 2000), pode facilitar a instalação do agente infeccioso, visto que a saliva de R. sanguineus
inibe a proliferação de células T, interfere na função de macrófagos e promove um desequilíbrio na produção de citocinas, aumentando os níveis de IL-4, IL-10, e reduzindo IL-2, IL12 e IFN- (FERREIRA; SILVA, 1999).
O prognóstico da erliquiose canina pode ser dependente da capacidade do sistema imune em controlar a infecção (ISMAIL; WALKER, 2005), estando mais relacionada à resposta imune celular, embora a participação da imunidade humoral também tenha importância (WINSLOW et al., 2000; GANTA et al., 2004).
Como a erliquiose frequentemente causa leucopenia e outras anormalidades no sistema imune (DAVOUST et al., 1996; MAGNARELLI et al., 1990; WEISER et al., 2001), têm sido utilizados imunomoduladores que são substâncias que atuam no sistema imunológico conferindo, entre outros, aumento da resposta imune contra determinados microorganismos.
Dentre os imunomoduladores utilizados nas enfermidades infecciosas dos animais domésticos destaca-se o levamisol (APPOLINÁRIO; MEGID, 2007).
Concomitantemente à ação anti-helmíntica, esse fármaco atua no sistema imunológico de maneira semelhante ao hormônio timopoietina, produzido no timo (TIZARD, 2002), estimulando a ação de células T, a resposta aos antígenos, a produção de interferons, aumentando a atividade fagocitária de macrófagos e neutrófilos, estimulando a citotoxicidade mediada por células, a produção de linfocinas e a função das células supressoras (TIZARD,
2002). Os efeitos do levamisol são mais efetivos em animais com redução no número de células T, sendo que possui pouco ou nenhum efeito em animais com função normal destas células (JANEWAY et al., 2002; TIZARD, 2002).
A ação imunoestimulante do levamisol depende da dose e da via de administração. Para que se obtenha a ação imunoestimuladora, deve-se utilizar a dose entre 0,5 a 2 mg⁄kg (PURZYC; CALKOSINSKI, 1998).
EXPERIMENTO:
Erliquiose confirmada nos cães por PCR, selecionados de ambos os sexos, idades, raças e leucopênicos. Ficaram internados por 5 dias no hovet da UNIC-MT. Todos receberam 10mg/kg/vo/dia de doxiciclina e 5mg/kg/iv/dia de cimetidina. O grupo teste (11 animais) receberam dose única subcutânea de 1mg/kg de levamisol e o grupo controle (10 animais), 1ml de Nacl 0,9% SC.
Os dados apresentados na figura 1 mostram no dia zero os cães de ambos os grupos apresentavam leucopenia, (Gcontrole = 5.200 ± 970 leucócitos/mm3; Gteste = 4.327 ± 1.228 leucócitos/mm3; p=0,1). Após cinco dias de tratamento, os cães que receberam levamisol atingiram valores de leucócitos totais significantemente superiores àqueles do grupo controle (Gcontrole = 8.450 ± 1.374 leucócitos/mm3; Gteste = 10.627 ± 2.757 leucócitos/mm3. )
Antes de iniciar o tratamento, no dia zero, oito dos dez cães do grupo controle apresentavam linfopenia (1.104,5 ± 167,71 linfócitos/mm3). Após cinco dias de tratamento, três cães do grupo controle mantiveram-se linfopênicos (Figura 3). Por outro lado, dos 11 cães tratados com levamisol, apenas 1 mantive-se linfopênico. Sendo que os cães que receberam levamisol atingiram valores de linfócitos significantemente superiores àqueles dos animais controle (Gcontrole = 1.705,1 ± 346,95 linfócitos/mm3; Gteste = 2.793,3 ± 1.229,93 linfócitos/mm3; p = 0,02).
Em conjunto, verificou-se que o levamisol associado ao antibiótico promove um aumento significante do número de várias subpopulações de leucócitos na periferia de cães com erliquiose. Embora os resultados tenham sido estatisticamente significantes, estudos no sentido de descrever o mecanismo de ação do levamisol, enquanto imunoestimulante ainda precisam ser feitos antes de se adicionar esse fármaco aos protocolos terapêuticos para a erliquiose canina.
Créditos:
Dhagma Renata Denis de Souza; UFMT-MT ;
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS-2010.
Interessante esta dissertação, não sabia que era a saliva do carrapato que causava a imunossupressão de linfócitos T.
Encontrei vários artigos em que os autores tentaram verificar algum efeito positivo do levamisol em pacientes submetidos à quimioterapia, para melhorar o sistema imunológico, mas por enquanto sem resultados positivos, não tem influência.
Na dissertação, o levamisol usado foi o injetável, 1mg/kg/sc dose única. O produto comercial que encontrei foi o Ripercol da fortdodge que possui 7500mg em 100ml - 1ml tem 75mg. De acordo com o texto, poderia utilizar 1ml para cada 75kg ou 1ml para cada 32,5kg (0,5 a 2mg/kg de levamisol).
Existem o fosfato e o cloridrato de levamisol, o texto não cita qual foi utilizado, acredito que seja o cloridrato pela facilidade de uso na medicina veterinária.
Existe o ascaridil (medicamento humano) porém esse é administrado via oral e o texto cita que o efeito imunoestimulante do levamisol depende da dose e da via de administração. Algum colega tem a informação deste efeito com levamisol via oral em pets??
Eu já uso o levamisol como imunoestimulante, via oral. A dose recomendada no "Guia Terapêutico Veterinário", do Fernando Bretas, como imunoestimulante, é de 2mg/kg/q 48 h/VO.
ResponderExcluirComo o problema maior é em relação à imunidade celular, assim como na Leishmaniose, a domperidona também poderia auxiliar. A dose utilizada nos protocolos de tratamento da LVC é de 1mg/kg/q 24 h/VO, durante 30 dias. Essa referência veio através da palestra do Dr. Ferrer, em 2009, no Simpósio Internacional de LVC da Anclivepa-MG, em Belo Horizonte.
Abraço
Andréa Pinheiro Gomide
CRMV-MG 3677
EV-UFMG/1985
Curvelo - MG
O Ripercol-L fort dodge 7,5%, para cães, deve ser utilizado em qual dose?, quantos ml/kg?
ResponderExcluirdose unica?
Excluirdei ripercol meu cachorro agora ele ta estranho o que pode ta acontecendo
ResponderExcluirDou de 6 em seis meses Lavimisol oral meus cães e são saudáveis
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