Resolução de lesões na língua causadas por Leishmania infantum em um cão tratado com a associação miltefosine-alopurinol.
Um cão de 4 anos de idade foi atendido em Março de 2008 no Departamento de Ciências Clínicas da Universidade de Nápoles, apresentando perda do apetite, diarréia , hipersalivação e lesões nodulares na língua.
O restante do exame físico revelou ligeira linfadenomegalia. Os exames laboratoriais pedidos: hemograma completo, proteína plasmática total, relação albumina/globulina, uréia, creatinina, ALT e urinálise. Todos os exames se mostraram dentro dos valores de normalidade.
A avaliação citológica das lesões nodulares da língua revelou a presença de vários neutrófilos, macrófagos, células epiteliais e linfócitos. Formas amastigotas de leishmania foram encontradas dentro e fora dos macrófagos.
Quando realizado o RIFI para L. infantum, o cachorro estava positivo com titulação de 1:1280. A citologia da medula óssea também revelou formas amastigotas de leishmania.
O cachorro foi tratado com a combinação miltefosine ( milteforan® ; virbac) na dose de 2mg/kg uma vez ao dia, via oral por quatro semanas e alopurinol (ziloric®, GlaxoSmithKline) na dose de 10mg/kg duas vezes ao dia, via oral por seis meses.
Uma boa melhora dos sinais clínicos sistêmicos foi observada ao final do período de 4 semanas de administração do miltefosine, com a resolução parcial das lesões nodulares da língua, sendo que o quase desaparecimento total das lesões ocorreu com dois meses após o início da terapia.
As análises hematológicas, bioquímicas e urinárias novamente se mostraram sem alterações dignas de nota. A titulação do RIFI caiu para 1:640. Exame citológico da língua foi negativo para a presença de formas amastigotas de leishmania.
Lesões orais causadas por Leishmania, particularmente na língua, são raramente reportadas. São provavelmente conseqüência da disseminação sistêmica do parasita.
Miltefosine, originalmente desenvolvido como um agente anti-câncer para humanos e registrado para o tratamento de leishmaniose visceral humana, foi recentemente registrado para o tratamento oral da leishmaniose visceral canina em muitos países da Europa.
Com a sua atividade direta anti-parasitária que independe de um bom sistema imunológico do paciente, baixa toxicidade e facilidade de administração (oral), o miltefosine parece agrupar os requerimentos para tornar-se um bom fármaco a ser utilizado no tratamento da leishmaniose visceral canina.
Resolution of tongue lesions caused by Leishmania infantum in a dog treated with the association miltefosine-allopurinol.
Valentina Foglia Manzillo1 , Rosa Paparcone1 , Silvia Cappiello1, Roberta De Santo1, Paolo Bianciardi2, Gaetano Oliva1.
Address: 1 Department of Veterinary Clinical Science, Faculty of Veterinary Medicine, Naples, Italy. 2 Private Practitioner, Via dell’Usignolo, Milan, Italy.
From 4th International Canine Vector-Borne Disease Symposium
Seville, Spain 26-28 March 2009.
Parasites & Vectors 2009, 2(Suppl 1)56
Estou desesperada. Minha cadela foi diagnosticada com leishmaniose pelo exame de sangue, ao exame clinico o veterinário disse que ela não tinha nenhum sinal de doença. Diante desse resultado ele disse que tem que fazer quimioterapia, não disse o preço mas parece ser um tratamento caro. Esse Miltefosine encontra no Brasil? eu não tenho condições financeiras para um tratamento caro. Pesquisei que existem tratamentos mais baratos mas não tem dosagem essas coisas.. o que eu faço? não posso deixar minha cadela ser sacrificada.
ResponderExcluirBom-dia Dayse.
ExcluirO exame de sangue realizado foi a sorologia? Se sim, ela serve apenas como um exame de triagem. O exame confirmatório da doença é o parasitológico. A sua cadela tem de ser submetida ao exame de pesquisa do parasita na medula óssea, linfonodos e se possível baço. Existem outros exames que devem ser feitos, por exemplo o PCR em tempo real, realizado pelo laboratório Tecsa em BH.
O miltefosine não é permitido no Brasil. O texto do blog é referente a um trabalho científico conduzido na Itália. Essa medicação é autorizada na Europa.