Terapia antiparasitária
Parasitas intestinais são comuns em animais jovens, especialmente naqueles que vivem em condições tropicais e manejados em certo grau de confinamento (Root-Kustritz, 2004). Assim, os cuidados com filhotes incluem uma terapia anti-helmíntica de largo espectro e de baixa toxicidade, iniciada por volta de três semanas de vida e repetida 14 dias após (Davidson, 2003).
É provável que Toxocara spp., Toxascaris leonina e Ancylostoma sejam os parasitas que mais freqüentemente acometem cães e gatos neonatos (Sturgess, 2000), visto que as espécies de Toxocara podem ser transmitidas via transplacentária pela mãe, e as espécies de Ancylostoma podem ser ingeridas através do leite materno (MacIntire, 1999; MacIntire et al., 2005). Uma vez no hospedeiro, as larvas dos helmintos podem migrar para os pulmões e fígado, provocando tosse seca, dificuldade no ganho de peso, problemas cutâneos e distúrbios gastrintestinais (Minovich, 2004).
O tratamento de escolha indicado para toxocaríase e ancilostomose corresponde ao pamoato de pirantel, droga pertencente ao grupo das pirimidinas, de ação agonista a acetilcolina, que leva o parasita à morte por paralisia espástica (Andrade e Santarém, 2002). O fármaco apresenta baixo potencial de toxicidade sendo bem tolerado por filhotes (Marti, 2005). O tratamento pode ser iniciado em pacientes neonatos a partir de duas a três semanas de vida (MacIntire, 1999) nas dosagens de 5,0 a 10,0 mg/kg, repetidos a cada duas ou três semanas por até 12 semanas de tratamento (MacIntire et al., 2005).
O tratamento para as giardíases inclui o metronidazol na dosagem de 30 mg/kg/SID administrado oralmente por sete a dez dias (MacIntire, 1999), ou 20 mg/kg/BID administrado por via oral, por cinco dias e na seqüência 10 mg/kg/BID por via oral por mais cinco dias (Minovich, 2004), cabendo ressalva de que apenas dois terços das infecções são responsivas ao metronidazol administrado em dosagens usuais (Sturgess, 2001). O fenbendazol também pode ser utilizado por via oral na dose de 50 mg/kg/SID por três a cinco dias (MacIntire et al., 2005). Minovich (2004) indica a mesma posologia de fenbendazol em um tratamento de dez dias para as giardíases felinas, relatando ainda resultados excelentes com o uso da furazolidona na dose de 20 mg/kg/BID durante 14 dias.
Para o tratamento das coccidioses, relacionadas, entre outros fatores, com a falta de higiene dos recintos de criação e falhas de imunidade neonatal levando a quadros de imunossupressão (Sturgess, 2001), indica-se a sulfadimetoxina na dosagem de 30 mg/kg/SID até a remissão dos sintomas, para animais com menos de 1kg de peso vivo (Minovich, 2004). Para cães e gatos neonatos, MacIntire et al. (2005) também recomendam o uso das sulfas potencializadas na dose inicial de ataque de 50 mg/kg no primeiro dia de tratamento, seguida por 25 mg/kg/SID por mais dez dias ou até a remissão dos sintomas.
Pulgas e carrapatos são os parasitas externos mais comuns em animais jovens (Minovich, 2004), podendo resultar em sérios quadros de debilidade neonatal (MacIntire, 1999). Além da espoliação sangüínea causada pelos artrópodes, pulgas e carrapatos atuam também como vetores de uma série de doenças como as babesiose, hepatozoonose, erliquiose (Irwin, 2002), além de algumas espécies de tênias (Minovich, 2004).
Para os casos de ectoparasitoses, indica-se também o tratamento das mães (evitando-se a área das mamas) e do ambiente em que vivem os filhotes, para o eficaz controle das infestações (MacIntire, 1999).
SEMANA QUE VEM SERÁ A PARTE FINAL SOBRE TERAPIA ANTIMICROBIANA.
André Maciel Crespilho1,4, Maria Isabel Melo Martins2, Fabiana Ferreira de Souza3, Maria Denise Lopes1, Frederico Ozanam Papa1
1Dep. de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Botucatu,SP, Brasil
2Dep. de Clínicas Veterinárias da Universidade Estadual de Londrina, UEL, Londrina,PR, Brasil
3Hospital Universitário do Centro Universitário de Rio Preto, UNIRP, São José do Rio Preto, SP, Brasil
4Correspondência: andremacc@yahoo.com.br
Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.31, n.4, p.425-432, out./dez. 2007.
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