NOGUEIRA, S.S.S.1; FARIA, E.G.*1, PRADO, T.D.1; SOUSA, M.G.2; CARARETO, R.2
1. Alunos do curso de graduação em Medicina Veterinária, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal do Tocantins, campus de Araguaína, BR 153, Km 112, Araguaína- TO.
2. MV, MSc, PhD, Professor Adjunto, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal do Tocantins, campus de Araguaína, BR 153, Km 112, Araguaína- TO; marlos@uft.edu.br.
A paralisia do nervo facial é a neuropatia craniana aguda mais comum.
Quanto à etiologia, tal ocorrência pode ser classificada de duas formas: idiopática
ou sintomática. Dentro da forma idiopática, a paralisia de Bell é a mais freqüente, de causa desconhecida, sendo sugerida causa viral, que ocorre no trajeto proximal do nervo facial junto à saída do forame estilomastóide. A forma sintomática pode ser causada por trauma ou tumores que comprimam o nervo facial. Esta forma é , em geral, pouco comum. Entretanto, o trajeto complexo e tortuoso do nervo facial o torna vulnerável às lesões (KODAMA, 2007; REDE SARAH DE HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO, 2007) .
Lesões traumáticas da porção petrosa do osso temporal freqüentemente produzem, simultaneamente, deficiência dos nervos facial e vestibular. A principal complicação da paralisia do nervo facial, além da estética, é a possibilidade de ceratite por exposição se as glândulas lacrimais estiverem denervadas. Um teste da lágrima de Schirmer deve ser efetuado e, constatando-se redução da produção lacrimal, deve -se administrar um substituto artificial da lágrima diariamente (KODAMA, 2007; REDE SARAH DE HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO, 2007) .
A ceratoconjuntivite seca, ou olho seco, é considerada um problema oftálmico comum em cães. A condição geralmente resulta da deficiência do componente aquoso do filme lacrimal pré-corneano . Pode decorrer de inúmeras condições. Predisposição racial, hipotireoidismo, paralisia do nervo facial, medicamentos (atropina, sulfonamidas), excisão cirúrgica da glândula da terceira pálpebra, conjuntivite e cinomose têm sido incriminados.
O sinal marcante em pacientes acometidos caracteriza -se por secreção ocular mucóide a muco-purulenta, que se adere ao epitélio e que, normalmente, acompanha perda de brilho na córnea e hiperemia conjuntival. Casos agudos podem produzir ulcerações superficiais, profundas e até a perfuração da córnea. Também podem ocorrer manifestações superficiais crônicas com deterioração progressiva da visão, bem como vascularização e pigmentação da córnea(LAUS; ORIÁ, 1999).
Com este trabalho, objetivou -se relatar um caso de ceratoconjuntivite seca em gato doméstico, decorrente da paralisia no nervo facial traumática.
Foi atendido no Hospital Veterinário Universitário da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade Federal do Tocantins, campus de Araguaína, um gato, macho, com 6 meses e pesando 3 Kg, apresentando opacificação e formação de neovasos corneanos. Explorando-se a história clínica do paciente, constatou -se que o m esmo havia sido atropelado há alguns meses, tornando -se incapaz de piscar o olho desde então.
Foi realizado o teste da lágrima de Schirmer, demonstrando baixa umidade, e teste da fluoresceína, que não evidenciou úlceras de córnea. Em face da ceratite superficial não- ulcerativa possivelmente relacionada à paralisia do nervo facial, instituiu-se um protocolo terapêutico que incluiu tobramicina (1 gota no olho esquerdo seis vezes ao dia), dextrano 70 + hipromelose em associação (1 gota no olho esquerdo seis vezes ao dia) e sulfato de condroitina (1 gota no olho esquerdo quatro vezes ao dia), devendo o animal retornar para reavaliação do caso clínico.
Houve melhora parcial, com minimização das manifestações clínicas oculares. É provável que a remissão completa não tenha ocorrido devido à não aderência integral do proprietário ao protocolo medicamentoso prescrito .
A abordagem terapêutica empregada é parcialmente condizente com as recomendações atuais. Desse modo, incluiu um substituto artificial da lágrima, um antibiótico tópico e o sulfato de condroitina (LAUS; ORIÁ, 1999; MAMEDE et al., 2002). Embora recomendado em casos de ceratoconjuntivite seca(LAUS; ORIÁ, 1999), não foi possível utilizar ciclosporina em face da restrição financeira do proprietário.
Meu gato não pisca a pálpebra externa direita. Mas parece ter sensibilidade na hemiface. Eu o resgatei da rua com meses. Não sei o que aconteceu.
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